Para onde vai o talento?
Propósito e retorno financeiro para salvar o planeta, uma combinação inevitável
Perseguir ondas com dedicação era algo fundamentalmente egocêntrico e ao mesmo tempo abnegado, dinâmico e ascético, radical em sua rejeição dos valores do dever e das conquistas convencionais.
Dias Bárbaros, William Finnegan
Eu sou um cara sortudo. Entre muitos privilégios, tenho a sorte de ter acesso a muita gente que influencia desproporcionalmente como o mundo funciona e funcionará, especialmente no universo de startups e tech. Entre conversas informais e mentorias com empreendedores aspirantes e fundadores de unicórnios, incluindo as ambições de carreira de jovens talentos que estão embarcando para o MBA nas melhores escolas do mundo (que acesso através da TopMBA, consultoria tocada pela minha esposa), um tema cresce com força total este ano: a aspiração por ajudar a salvar o planeta.
Pensando estrategicamente sobre como o Brasil pode se destacar no cenário de tech, inovação e empreendedorismo global, há uma área onde o nosso potencial é uma “unfair advantage", ou vantagem desleal: sustentabilidade. Por sustentabilidade eu me refiro a agtech, climatech, foodtech, smart cities, e qualquer serviço ou produto que tenha um impacto direto no meio ambiente. Em 2022, a consultoria Boston Consulting Group (BCG) publicou um estudo robusto que mostra de maneira objetiva como o Brasil está posicionado estrategicamente para ser um líder global em soluções para a crise climática. Nossos grandes ativos, como sabemos, são nossos recursos naturais, incluindo terras agriculturáveis, florestas, água doce, minerais, petróleo e biodiversidade. Somos líderes mundiais na produção e exportação de soja, milho, café, carne bovina e suco de laranja; possuímos uma das maiores reservas de água doce do mundo; temos a biodiversidade abundante e única da Amazônia; lideramos globalmente a produção de energia renovável. Como diz nosso lindo hino nacional, nossos bosques têm mais vida. Além de deixar o coração verde e amarelo orgulhoso, isso significa que temos uma bela oportunidade para criar soluções globais para a grande crise do século. Este é o nosso sweet spot.
A crise climática é real e todos nós já sentimos na pele, quer você entenda os detalhes técnicos ou não
Frio no verão, excesso de calor no inverno, muita chuva na época da seca, desastres ambientais crescentes: não há como fechar os olhos e ignorar a evidência empírica que sentimos diretamente e, especialmente, a evidência científica que mostra o crescimento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Os dados da Nasa estão aqui para comprovar: estamos muito acima da média histórica e, se continuarmos na mesma trajetória, estima-se que em 2100, daqui a 77 anos, o PIB per capita mundial terá um encolhimento de 30%. Trinta por cento de diminuição da riqueza do planeta em relação a hoje num período que será testemunhado pelos meus filhos e netos. O cenário é assustador: mais fome e miséria para as populações já fragilizadas e desastres ambientais que não queremos testemunhar. A hora de mudar isso é agora. Ao mesmo tempo em que fico triste e ansioso com tamanha evidência, sinto-me otimista em ver tanta gente boa se mexendo para endereçar este problemão.
Propósito e dinheiro
Sabemos que os millenials e a Gen Z valorizam mais propósito do que dinheiro. Porém, o aumento do custo de vida tem colocado a turma num baita dilema, já que encontrar um trabalho que permita dedicar tempo e energia a uma causa significativa, ao mesmo tempo em que garanta o retorno financeiro necessário para uma vida rica em experiências, não é nada trivial. Aos poucos, à medida que os use cases e aplicações tecnológicas vão amadurecendo, empresas que endereçam a crise climática com modelos de negócio sustentáveis surgem como o melhor dos dois mundos. Isso é verdade para empreendedores e talentos como um todo.
Poucas áreas de negócio oferecem a combinação de um propósito tão urgente e tangível com a possibilidade de retornos financeiros desproporcionais. Ao mesmo tempo, tudo é muito novo. As soluções tecnológicas mais maduras são os painéis solares, veículos elétricos (EVs), hidrogênio como fonte de energia, fazendas sustentáveis, e créditos de carbono. Há muitas startups com modelos de negócios criativos em cima dessas tecnologias já provadas e outras trabalhando em novas soluções técnicas. Estamos no começo, não há dúvidas. Porém, a combinação de um problema real com talento e capital é a melhor fórmula para gerar inovações disruptivas em tempo recorde (como vimos com as vacinas para a COVID-19).
As grandes empresas estão finalmente acordando para diminuírem sua pegada de carbono na atmosfera; porém, ainda há muito a despertar. Hoje, olhando os dados da Zero Tracker, observamos que apenas 32% das 2.000 maiores empresas listadas em bolsa no mundo têm metas claras de neutralização de seus impactos até 2030. É muito pouco por se tratar de um grupo tão seleto e que deve servir de exemplo, mas é muito mais do que tínhamos há 5 anos. A BCG mostra que o crescimento da adoção desta agenda pelas corporações vem aumentando num CAGR de 87%. Regulação e os interesses do setor público sozinhos não serão suficientes; a pressão do consumidor e a nova geração de talentos, tanto na iniciativa privada quanto pública, deve continuar a aceleração desta agenda. Isso significa mais capital sendo direcionado a soluções climáticas, tanto para a compra e consumo de produtos e serviços que ajudem as empresas a entregarem suas metas quanto para novos investimentos. São cada vez mais fundos de VC e CVC dedicados ao tema, com o movimento ganhando força na América Latina. Fundos como a Mandi Ventures, SP Ventures e Barn têm grande foco no setor. Mas é só o começo, há muito a surgir.
Se você é empreendedora ou empreendedor criando soluções para endereçar este pepino, me escreva! Será um prazer conhecê-la/lo e conversar sobre como mudar o mundo para melhor, ganhar dinheiro como consequência, e viver uma vida rica em conexões, experiências e boas histórias :).
Para empreendedores do early stage
Com o objetivo de simplificar e desbloquear o processo de fundraising para startups em estágio inicial (pre-Seed até Série A), criei um grupo de mentoria para 10 fundadores(as).
Serão 10 horas de mentoria ao vivo com muitas trocas e práticas, além do que espero que seja a formação de uma comunidade de founders que compartilhem e se ajudem.
O kick-off será no dia 27/9 às 19h30, via Zoom. O grupo será propositalmente pequeno para que o ambiente seja o mais participativo e envolvente possível. Por favor, compartilhem com fundadores em estágio inicial que possam se beneficiar. Mais detalhes aqui, ou responda este email / me escreva no alex@letshike.io.
Um Impossível por Vez
O tempo que eu passei pelo iFood foi incrível. Além de todos os aprendizados, fiz grandes amigos. Como fruto desta experiência, o Tiago Luz e eu nos juntamos para começar um podcast onde convidamos pessoas inspiradoras pra bater papo e entender suas jornadas mais a fundo, abrindo aquilo que não se vê no LinkedIn e discutindo empreendedorismo e liderança na prática. A melhor parte é ter a desculpa para conversar com muita gente legal sobre suas experiências formativas e sobre a superação de desafios que pareciam "impossíveis".
Nosso podcast se chama "Um Impossível por Vez", seguindo o mantra que o Tiago inclusive tatuou no seu braço. Para começar, convidamos o Lucas Melman. Além de ser um amigo próximo, Lucas possui uma vasta experiência em liderança de negócios digitais tanto no Brasil quanto na América Latina. Entre suas experiências valiosas e interessantes, ele atuou como country manager do iFood na Colômbia e no México, liderou a Gympass como CEO para a América Latina (exceto Brasil) e também foi CEO da Betterfly no México.
Atualmente, Melman está se preparando para novos desafios e compartilha conosco como cada uma de suas experiências teve um papel fundamental em seu crescimento como líder, indivíduo e pai.
Além das importantes posições de liderança que constam em seu perfil do LinkedIn, Lucas nos conta sobre suas experiências como segurança, garçom e até mesmo como figurante em um programa de auditório nos Estados Unidos.
Dêem uma conferida e nos contem o que estão achando. Teremos convidados de diferentes perfis, abordando criação de negócios, cultura, superação pessoal, fundraising, liderança de times diversos, dores do crescimento, como enfrentar a rejeição do mercado e seguir em frente com força e firmeza, um impossível por vez. Semana que vem soltaremos mais um episódio, fique ligado! :)
Disponível no spotify e no youtube.
Obrigado por me acompanhar e let's hike!
Alex