6 práticas para superar o medo (ou pavor) do fracasso
"Muitos de nós não estamos vivendo nossos sonhos porque estamos vivendo nossos medos", escreveu Les Brown.
Se você está no corre e quer só o resumo:
O medo do fracasso é um medo comum e poderoso. Comum porque todos sentem um pouco, e poderoso porque ele é capaz de impedir a execução de sonhos e objetivos que envolvem grandes mudanças e riscos. Qualquer novo passo relevante que dei em minha vida me aterrorizou com o medo de eu não dar certo na nova caminhada. Quanto mais “sucessos" tive no passado, mais medo eu tinha (e ainda tenho) de arriscar algo novo. É sempre mais fácil continuar com mais do mesmo, embora sabendo que aquilo está longe do nosso potencial. Por isso trouxe 6 estratégias que, se praticadas com frequência, me permitem arriscar mais e, consequentemente, aprender e viver mais autenticamente.
São elas: (1) tratar o fracasso como uma oportunidade de aprendizado, já que ninguém nasce sabendo; (2) começar com metas realistas e alcançáveis, que levem em direção ao destino que sonhamos e que nos permitam pequenas vitórias ao longo da jornada; (3) observar e revisitar crenças em relação ao sucesso e ao dinheiro, algo bem importante na cultura brasileira onde existe uma crença forte de que sucesso e dinheiro são limitados a poucos gênios e herdeiros; (4) acalmar a autocrítica através da autocompaixão (esse é difícil pra mim); (5) compartilhar a história com pessoas de confiança, buscando apoio e um senso forte de autorresponsabilidade pela sua palavra; (6) finalmente, imaginar-se aos 80 anos, refletindo que a vida é curta e que o maior arrependimento foi não ter arriscado mais por medo da opinião alheia … essa dói, né?
Conquistar o medo do fracasso é essencial para nossa evolução como seres humanos. Vencer este medo é expandir nossas zonas de conforto, aprender coisas novas sobre a nossa essência, conectar com nossa autenticidade e nos permitir sonhar mais e fazer além do que nos torna únicos.
Conquistar o medo tem sido um tema importante na minha vida. Deixar minha cidade natal, Florianópolis, para explorar o mundo sem dinheiro, aprender novos idiomas sentindo a vergonha de falar como uma criança de 4 anos de idade no corpo de um adulto de 20, e deixar carreiras confortáveis para encontrar o que realmente me faz sentir vivo são exemplos de como conquistar o medo esticou minhas possibilidades de maneiras inimagináveis. Agora eu sei que sentir frio na barriga é um ótimo sinalizador, avisando que vem crescimento pela frente. Hoje, aos 40 anos, o meu lado racional já consegue pesar os benefícios de superar o cérebro primitivo que busca estabilidade e conforto. Mesmo assim, minha personalidade é bastante competitiva e o medo do fracasso continua me assombrando.
O medo do fracasso é um medo comum e poderoso. Comum porque todos sentem um pouco, e poderoso porque ele é capaz de impedir a execução de sonhos e objetivos que envolvem grandes mudanças e riscos. Conheci muita gente que colocou projetos pessoais e profissionais ambiciosos em espera devido ao medo de não serem capazes de entregar resultados nesses novos caminhos.
Todos nós temos um pouco dessas vozes que nos dizem “se, quando, blablabla … acontecer eu vou realizar este sonho de … começar meu negócio, viajar o mundo, trocar de emprego, trocar de companheira!”. Realmente, o medo do fracasso parece nos congelar no momento da tomada de decisão e, nos sentindo paralisados, acabamos seguindo com a mesmice. No entanto, a ciência mostra que, com a mentalidade e as estratégias certas, podemos aprender a superar este medo e avançar em direção àquilo que faz nosso olho brilhar.
Não é fracasso, é aprendizado!
Um dos primeiros passos para superar o medo do fracasso é mudar nossa perspectiva sobre o que o fracasso significa. Em vez de ver o fracasso como um resultado negativo, podemos reformulá-lo como uma oportunidade de aprendizado. Cada fracasso é uma oportunidade para crescer e melhorar, e ao adotar essa mentalidade, podemos reduzir o poder do medo do fracasso. É importante lembrar que tudo o que foi criado neste mundo foi gerado por pessoas semelhantes a você e a mim, e todas elas tiveram que passar por um processo de aprendizado, com muito poucas acertando na primeira tentativa. Relativizando nossos riscos percebemos que, na prática, não estamos arriscando tanto assim, e se errarmos, tudo bem.
Um passo de cada vez, né?
Outra estratégia eficaz para superar o medo do fracasso é estabelecer metas realistas e dividi-las em etapas menores e alcançáveis. Ao nos concentrar no progresso incremental em vez da perfeição, podemos reduzir a pressão que colocamos em nós mesmos e aumentar a confiança em nossa capacidade de ter sucesso. O perfeccionismo é um poderoso inimigo se quisermos projetar e executar novos projetos; o melhor caminho é fazê-lo pouco a pouco e, em seguida, iterar e melhorá-lo, como no processo de Design Thinking.
É melhor eu revisitar minhas crenças. Nem tudo o que acredito é verdade …
Também pode ser útil identificar e desafiar as crenças subjacentes que contribuem para nosso medo de fracassar. Por exemplo, podemos ter a crença de que o sucesso é alcançado apenas por aqueles que são naturalmente talentosos ou sortudos. Ao desafiar essa crença e reconhecer que o trabalho duro e a perseverança também são fatores-chave para o sucesso, podemos reduzir o poder de nosso medo de fracassar. Como Angela Duckworth mostrou, a determinação é um grande influenciador do sucesso profissional. É uma questão de tentar, iterar, aprender e fazer de novo e de novo. Fica aqui a dica do livro Garra: O poder da paixão e da perseverança, onde Angela demonstra através de estudos e casos reais que o segredo para grandes conquistas não é o talento, e sim uma mistura de paixão e perseverança que ela chama de garra.
A gentileza mais difícil: aquela que praticamos conosco
Praticar a autocompaixão também é importante ao lidar com o medo de fracassar. Em vez de ser excessivamente críticos de nós mesmos quando experimentamos contratempos ou falhas, podemos praticar a bondade própria e lembrar a nós mesmos que todos experimentam o fracasso em algum momento de suas vidas. Para pessoas com personalidade tipo A (como eu), que buscam a superação, é muito mais fácil ser gentil com os outros do que conosco, já que nossas expectativas são sempre muito altas. No entanto, conversando com outras pessoas, mudando o contexto e expandindo a vida por meio de múltiplos relacionamentos genuínos, ganhamos perspectiva sobre o que estamos tentando realizar, permitindo-nos desapegar do perfeccionismo. Acalmar o ego também ajuda muito, prática que defendo através da meditação e espiritualidade (veja artigo completo aqui), técnicas que nos dão perspectiva sobre o mundo e a vida.
Conte a sua história!
Buscar apoio de outras pessoas é uma ferramenta poderosa para superar o medo de fracassar. Ao compartilhar nossos objetivos e progresso com um amigo de confiança, membro da família ou mentor, ganhei encorajamento, orientação e motivação para continuar avançando mesmo diante de obstáculos. Tenho três pessoas em minha vida que chamo de meu conselho pessoal de consultores, pessoas que estão presentes para mim quando preciso delas e que me fazem as perguntas certas na hora certa, tornando-me responsável por minhas decisões e ações enquanto me encorajam a ir além.
Aceite que a vida é curta e que a opinião dos outros não importa
Por último, gostaria de lembrar algumas das lições do mestre zen budista vietnamita Thich Nhat Hanh. Thich afirma que "sem medo, somos capazes de ver mais claramente nossas conexões com os outros. Sem medo, temos mais espaço para compreensão e compaixão. Sem medo, somos verdadeiramente livres". Ao refletir que a maior parte do nosso medo de fracassar é baseado em como os outros nos julgarão, achei útil destacar os cinco lembretes do budismo que Thich elabora em seu livro "Medo":
Eu sou da natureza de envelhecer. Eu não posso escapar de envelhecer.
Eu sou da natureza de ter saúde precária. Eu não posso escapar de ter saúde precária.
Eu sou da natureza de morrer. Eu não posso escapar da morte.
Tudo o que é querido para mim, e todos aqueles que eu amo, são da natureza de mudar. Não há como evitar ser separado deles.
Eu herdo os resultados dos meus atos de corpo, fala e mente. Minhas ações são minha continuação.
Reconhecer que a vida é curta e que a mudança é a única certeza me permite ver a vida em perspectiva e não me importar com como as pessoas julgarão um projeto que não dá certo. Não se importar com a opinião dos outros é uma forma de liberdade e o caminho para ouvir e ser a sua verdade. Como mencionei acima, recomendo fortemente a prática da meditação e da espiritualidade (não necessariamente religiosa) para ganharmos mais liberdade do ego. Ganhar perspectiva através de caminhadas na natureza também me ajuda (e muito) a acalmar o ego e perceber minha insignificância perante a força, riqueza e beleza da natureza.
Em resumo, conquistar o medo do fracasso é essencial para nossa evolução como seres humanos. Vencer o medo é expandir nossas zonas de conforto, aprender coisas novas sobre a nossa essência, conectar com nossa autenticidade e nos permitir sonhar mais e fazer além do que nos torna únicos. É acalmar o ego e viver no presente. Isso, em última análise, é o que o mundo precisa: uma comunidade de pessoas que estão vivendo suas forças únicas, colaborando umas com as outras e tornando o mundo um lugar melhor.