Esqueça focar num nicho único. Converse com a audiência ampla que você se identifica. Não seja monoproduto nem monotemático. Explore temas técnicos, para mostrar profissionalismo e profundidade, mas navegue também na poesia da vida. Dê destaque aos grandes momentos e as mudanças significativas, mas também deixe o glamour de lado e se permita refletir sobre a beleza de um dia-a-dia bem vivido. Retorno sobre o investimento é importante e bem-vindo, mas lembre que você já viveu o suficiente para saber que nem tudo na vida é dinheiro e que criação de valor vai além do capital. Ajude e se conecte com um número amplo de (novas) pessoas, mas saiba que tempo é o seu recurso mais escasso e por isso não dá para dizer sim para tudo. Celebre e incentive o empreendedorismo, a coragem, a inovação e o fazer diferente. Permita-se escrever livremente, pois a escrita é uma forma de organizar o raciocínio e escutar aquilo que frequentemente a boca cala. Dê voz aos personagens que habitam em você.
Há um ano eu dava a largada na let's hike!. Lancei esta newsletter buscando canalizar minhas ideias e me sentir útil e relevante num momento em que estaria fisicamente longe do Brasil e dos meus relacionamentos mais importantes (pessoais e profissionais). O parágrafo acima é o que o Alex de hoje diria ao Alex de um ano atrás. Diferentemente dos playbooks startupeiros e daquilo que eu mesmo ensino nas minhas mentorias, meu produto não é focado num nicho. Eu falo de startups, fundraising, estratégia, mercados, venture capital, carreira e liderança, mas também falo sobre paternidade, coragem, simplicidade, mudanças de perspectiva, ansiedade, surf, corrida, aprendizado e felicidade. Escrevo para dar vazão àquilo que está quente na minha cabeça. Escrevo sobre a jornada. Não consigo ser monotemático porque a vida não é linear, nem focar num nicho porque eu já rodei um bocado, e o mapa que percorri é o território que habito. Aos 41 anos, às vezes eu escrevo para o Alex que aos 20 anos, com zero grana e muitos sonhos, aspirava explorar o mundo ao mesmo tempo em que construía uma carreira com sentido e impacto; outras vezes, eu me dirijo ao Alex que aos 30 sofria para dar conta de construir uma família, uma carreira, um patrimônio e uma identidade profissional que o fizesse sentir vivo e autêntico. Também falo com minha versão operador de startup em crescimento (iFood) que sofreu a dor de sair de um modelo de gestão que estava mais para uma empresa júnior - com autonomia, dinamismo e paixão - para a cultura de uma empresa maior e estruturada, com mais benefícios materiais porém mais política e engessada. O Alex que investiu e viu dezenas de empresas voarem ou quebrarem, e também voarem e quebrarem, é o que mais vive em mim profissionalmente, e essa voz sempre aparece. Escrevo para os corajosos, e para aqueles que acreditam que dá pra se jogar mais. Analiso negócios, e discorro sobre … a vida. Por isso o meu nicho são todos os Alex que habitam em mim, e eles são muitos.

Um ano estudando e experimentando sobre psicologia, felicidade e o comportamento humano às vezes me trazem uma voz de “guru”; é difícil me segurar vendo tanta coisa obviamente errada sendo normalizada: a presença e o excesso de açúcar em tudo; o vício, a preguiça e a mentira das redes sociais; hábitos de consumo predatórios ao mundo e ao indivíduo (boa parte da nossa população vive endividada); e o sedentarismo crônico da vida moderna. Bom, dentro de mim vive esse professor-filósofo-metido-a-guru que cada vez ganha mais voz, rs.
Ler, aplicar, aprender, conversar, escrever, ensinar, trocar, experimentar, errar, aprender novamente, e tudo de novo. Obrigado por me acompanhar, escrever esta news tem me feito bem; como eu mesmo me apresento: reflexões de um cara bem rodado que está apenas começando, rs. Quem sabe vale você considerar começar um substack ou outro canal para dar vazão às vozes que habitam por aí?
Há tanto a construir. Let's hike!
Alex
P.S.: Acredito fortemente que uma startup deve focar num nicho específico e aprender o máximo possível sobre sua persona, servindo-a da melhor forma possível antes de escalar. No entanto, esta newsletter não é uma startup :).
“Um escritor—e, eu acredito, todas as pessoas em geral—deve pensar que tudo o que lhe acontece é um recurso. Todas as coisas nos foram dadas por um propósito, e um artista deve sentir isso mais intensamente. Tudo o que nos acontece, incluindo nossas humilhações, nossos infortúnios, nossos constrangimentos, tudo nos é dado como matéria-prima, como argila, para que possamos moldar nossa arte.”
— Jorge Luis Borges
Muito legal !